Atuação do Serviço Jesuíta a migrante e refugiados no Brasil
O Serviço Jesuíta a Migrante e Refugiados (SJMR), por meio do Projeto Acolhe Brasil, desde o segundo semestre de 2018, tem mobilizado frentes de apoio à acolhida de migrantes venezuelanos por todo o País. Estima-se que 4 milhões de venezuelanos deixaram sua terra natal desde 2014, devido à insegurança, escassez de comida, ausência de serviços de saúde e de medicamentos. Destes, 85 mil vieram para o Brasil em busca de uma vida melhor.
A interiorização de venezuelanos tem desempenhado papel fundamental dentro da estratégia liderada pelo Governo Federal e executada com apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional para Migrações (OIM). Com mais de mil venezuelanos interiorizados em menos de um ano, o Projeto Acolhe Brasil chegou a vários estados e mobilizou redes árias de acolhida e assistência social em todo o território brasileiro.
Em São Paulo (SP), o SJMR mantém a Casa de Acolhida Dom Luciano em parceria com a Fundação Fé e Alegria, que faz a gestão da residência e apoia as atividades de capacitação profissional. Em oito meses de atividade, a casa já recebeu mais de 120 migrantes. “Nosso acolhimento é humanizado, com extrema preocupação em promover o resgate da dignidade dessas pessoas, desde as pequenas ações. E, aos poucos, vamos observando essa transformação de vida, para cada um deles”, conta o Irmão Edilberto Feitosa, um dos responsáveis pela condução dos trabalhos na capital paulista.
A Casa conta com o apoio de doadores e voluntários, inclusive, para a condução dos cursos de capacitação. As formações são semipresenciais e ministradas por profissionais da área aos venezuelanos. “Muitos migrantes têm formação, mas não possuem a validação para exercerem sua profissão no Brasil. Assim, vimos que organizar uma capacitação profissional era a melhor forma de inseri-los no mercado de trabalho brasileiro”, relata Fabiane Kolosque, fisioterapeuta, uma das coordenadoras da capacitação profissional em São Paulo.
Em Belo Horizonte (MG), o projeto Acolhe Minas, conta com apoio do ACNUR, do SJMR, da Arquidiocese da cidade, de instituições jesuítas como o Colégio Loyola, a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) e a Escola Superior Dom Hélder, além de profissionais e refugiados venezuelanos que já residiam na cidade, estudantes e profissionais que atuam na área da saúde e assistência social e outras entidades. O projeto recebeu, neste ano, dois grupos, em um total de 91 migrantes. O primeiro grupo veio de Boa Vista (RR) e foi realocado em três casas de acolhida: duas na capital mineira e uma em Montes Claros, norte do estado.
Ainda na capital mineira, a Casa do Migrante, organizada com apoio do Vicariato de Ação Social da Arquidiocese de Belo Horizonte, da Paróquia da Boa Viagem e do ACNUR, já acolheu 34 venezuelanos, todos homens e solteiros. A residência jesuíta Casa Alberto Hurtado recebeu, ao todo, 16 venezuelanos. A Paróquia Nossa Senhora de Montes Claros e São José de Anchieta recebeu nove famílias venezuelanas. “Desde que chegou a proposta de acolhimento, paroquianos, conselheiros e comunidades vizinhas, imediatamente, realizaram campanhas e mobilizaram-se para arrecadar doações de alimentos, itens de higiene, roupas e móveis”, comenta Maria Goretti Silva Cordeiro, funcionária da Paróquia e voluntária no projeto de interiorização na cidade.
Já no estado da Bahia, no município de Camaçari, foram cedidas duas casas e ambientes de convivência no Sítio Loyola – espaço do Colégio Antônio Vieira (Salvador – BA). Lá, foram acolhidas sete famílias, em um total de 24 venezuelanos. Na região, o projeto conta ainda com o apoio do Serviço de Orientação Pastoral (Sorpa), que auxilia no apoio local, integração na comunidade e mediação para o trabalho. Colaboradores e alunos do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Minorias Sociais (NEIMS) e do Núcleo Ambiental (NAV), do Colégio Antônio Vieira, também desenvolveram atividades recreativas e culturais com as crianças migrantes e construíram uma horta comunitária, para ajudar na subsistência das famílias acolhidas.
Em Capim Grosso (BA), a Associação Comunitária Assistencial da Criança e do Adolescente de Capim Grosso (ACACACG) e a Paróquia São Cristóvão, Diocese de Bonfim (BA), acolheram três famílias venezuelanas. A ACACACG, que acolheu os venezuelanos em sua própria sede, conta com uma rede de famílias e empresários solidários para amparar as ações dessa iniciativa.
Em Feira de Santana (BA), três famílias venezuelanas foram recebidas pelo Noviciado Jesuíta Nossa Senhora da Graças. “Quando decidimos acolher o grupo, não tínhamos a ideia dos sentimentos e sofrimentos que essas pessoas traziam. Hoje, nos sentimos parte dessa história e podemos vivenciar a experiência do amor fraterno. Estamos muito felizes e gratos por realizar esse trabalho”, comentou a voluntária Ana Lúcia Vieira, do grupo de apoio de Feira de Santana.