Processos avaliativos: o que é a avaliação e como nossos estudantes são avaliados
Este artigo faz uma breve reflexão sobre as modalidades de avaliação, o que o PEC nos apresenta sobre o tema e de quais maneiras os nossos alunos estão sendo avaliados.
A avaliação escolar é essencial no processo de ensinar e aprender. Não temos mais avaliações que registram apenas recortes de conhecimentos, mensurando notas que pouco ou nada dizem sobre o estudante. O processo avaliativo apresenta diversas formas e está presente em todos os momentos, na troca de conhecimentos, informações e ressignificações. Em cada aula, há uma interação entre interlocutores mais preocupados e interessados em conhecer, pensar, refletir e não somente em funções específicas de ser professor ou aluno. Cada um aprende de um modo diferente e precisa ser avaliado de forma que suas competências e habilidades possam ser consideradas e valorizadas em todo o processo.
Segundo o educador Bloom (1993), a avaliação pode ter uma função diagnóstica, formativa ou somativa. Para ele, o professor faz parte deste processo de avaliação, pois se coloca como um sujeito ativo, o qual constrói com seus alunos conhecimentos que são avaliados a todo o momento. No nosso cotidiano escolar, privilegiamos a avaliação formativa, já que esta confere ao professor uma visão maior sobre o processo de aprendizagem, fazendo-o refletir se seguirá com os conhecimentos propostos ou fará um momento de retomada com os discentes. Deste modo, a avaliação funciona como um parâmetro, uma vez que, por meio dela, o professor consegue perceber o que é necessário rever, retomar ou avançar.
É neste sentido que o Projeto Educativo Comum da Rede Jesuíta de Educação (PEC 2016) nos diz que ao se tratar de avaliação, é fundamental que se avalie tanto o ensino quanto a aprendizagem, já que a finalidade do primeiro é o alcance da excelência do segundo, cabendo ao professor também olhar para si e para suas práticas. O PEC (2016) também nos fala sobre a importância de um sistema de avaliação que permita a aprendizagem de uma maneira aprofundada e integrada. A integração na avaliação é uma consequência da própria maneira de se enxergar o conhecimento: na perspectiva da educação integral, aprende a pessoa toda, e não apenas a sua dimensão intelectual.
Na nossa prática docente, entendemos que cada aluno possui o seu próprio ritmo de aprendizagem e diferentes cargas de conhecimento. Desta maneira, sabemos da importância de utilizar instrumentos avaliativos diversificados para atender às mais diversas habilidades, competências e formas de aprendizagem. Como exemplo, podemos citar o projeto interdisciplinar do 6º ano “A nossa civilização antiga”, no qual a avaliação se dá a partir de um conjunto de atividades que incluem a pesquisa, a produção escrita, a produção artística, a criatividade, a oralidade, as habilidades maker, entre outros. Assim como este, muitos outros projetos interdisciplinares diversificam os instrumentos avaliativos e mostram que a avaliação interdisciplinar e integral é de grande valor no processo ensino-aprendizagem-avaliação.
Nestes projetos, além da avaliação feita pelos professores, em cada uma das etapas, os estudantes também participam de um momento de autoavaliação, no qual devem elencar e expor o que fizeram para contribuir com o todo da atividade, e em grupo, discutirão uma possível nota a ser atribuída para cada um dos integrantes do grupo. A importância deste processo, além de estimular maior participação e envolvimento com o todo, reside no fato de proporcionar ao Xaveriano a gerência de seus pensamentos, ações e responsabilidades. O olhar para si permite um autoconhecimento e desenvolvimento nas esferas acadêmica e pessoal, e contribui para aprimorar a relação do indivíduo com si mesmo e com o outro.
Outro aspecto importante na nossa prática está relacionado à visão do aluno como indivíduo único, que demanda atenção e cuidados personalizados. Avaliações diferenciadas, adaptadas e retomada oral são práticas que se mostram bastante efetivas para a regulação dos processos de ensino-aprendizagem que envolvem alunos com algum tipo de singularidade. Além de ser um instrumento mais preciso para o professor, confere ao aluno a possibilidade de um instrumento avaliativo mais personalizado, adequado às suas necessidades reais e que lhe conferirá um enorme ganho na autoconfiança e autoestima.
A avaliação torna-se significativa para o aluno e para o professor quando há momentos de reflexão durante todo o processo de aprendizagem. Educador e educando percebem que são fundamentais para a construção do conhecimento e que cada um é responsável pelo seu empenho e dedicação. A prática da autoavaliação é fundamental para ampliar o conceito de avaliação que não se limita a um momento. É possível reconhecer limitações e falhas em todo processo, as quais são superadas a cada nova etapa de aprendizagem.
Sobre os autores
Este artigo foi produzido pelas educadoras de história e língua portuguesa do SANFRA, Patricia Caparrotti Dib e Rosana Galhardo Cardoso, para a 3ª edição do periódico SANFRA em revista.
Bibliografia:
PEC – Projeto Educativo Comum. Rio de Janeiro: Edições Loyola, 2016.
MIRANDA, Kamila Cristina. Funções da Avaliação. SO Pedagogia, 2014. Disponível em: www.pedagogia.com.br/. Acesso em: 10 de maio de 2019.