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“A meta da educação jesuíta é a formação de agentes multiplicadores e de homens e mulheres para os outros”. Essa afirmação foi proferida, em 1973, pelo Padre Pedro Arrupe, então Superior da Companhia de Jesus. Após 47 anos, a máxima, que permanece atual, continua a ser um dos objetivos principais da Companhia de Jesus. Vivemos atualmente sob o paradigma da globalização, que transformou o mundo em uma “aldeia global”.

A rapidez no fluxo de pessoas, mercadorias e informações com que fosse despertada uma consciência global. Cidadãos de distintos países deram-se conta de que os problemas de outras nações os afetam diretamente. A encíclica papal Laudato Si, publicada em 2015 pelo Papa Francisco, refere-se à Terra como uma “Casa Comum”, que deve ser cuidada por seus habitantes, que fazem parte de uma família humana. Em consonância às propostas do Santo Padre, a Companhia de Jesus tem como propósito a formação de cidadãos globais conscientes, comprometidos, compassivos e competentes na busca por soluções éticas aos desafios sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais do século XXI.

Em sua história, a educação jesuíta sempre foi multinacional e multicultural. Com 840 colégios em 72 países, os Jesuítas publicaram em 2019 um documento intitulado “Colégios Jesuítas: uma tradição viva no século XXI”, que estabelece as ações que as escolas devem realizar para formar cidadãos globais. Entre elas, devem incorporar, em currículos e atividades, temáticas globais, além de incentivar o ensino de línguas estrangeiras para ampliar o diálogo dos estudantes com o resto do mundo, sem abrir mão da reflexão sobre os problemas locais e da busca por soluções para mudar a realidade social e ambiental do bairro ou da cidade onde estão inseridos.

No SANFRA, a formação para a cidadania global está presente em várias atividades e projetos. O projeto “Game of Trash”, por exemplo, leva os Xaverianos do 7º ano, de forma lúdica e interativa, à análise do meio ambiente e dos problemas causados pelo descarte incorreto de resíduos sólidos. Já o projeto “A nossa civilização antiga”, desenvolvido pelo 6º ano, faz com que os Xaverianos criem civilizações com culturas, moedas, mitos e regras próprias, refletindo sobre as diferentes culturas e organizações político-sociais existentes ao redor do mundo e ao longo da História.

Já a “SimulaSanfra”, atividade proposta e organizada pelos Xaverianos do Ensino Médio, é uma simulação de um dos comitês da ONU na qual os Xaverianos ocupam o papel de delegados de distintas nações que devem defender seus interesses geopolíticos e pactuarem soluções para problemas atuais, como a crise dos refugiados ou os embargos econômicos. A “SimulaSanfra” fortalece o protagonismo juvenil e a liderança, características fundamentais para a cidadania global.

Pensando globalmente e agindo localmente, os colégios da Companhia de Jesus querem preparar seus estudantes para que encontrem a Deus em todas as coisas e, guiados pelo serviço ao próximo, utilizem seus dons para a construção de uma sociedade mundial baseada na justiça, na paz e no respeito às diferenças.

Artigo escrito por Renato Brigati Morse Telles,Professor de História e Sociologia do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, para a SANFRA em Revista.