Bullying e Cyberbullying: como identificar e combater?
Por Paula Lopes Ambrosio
Os conflitos interpessoais fazem parte de toda a nossa existência, seja enquanto criança, adolescente ou adulto. Onde há convivência de pessoas, existe a possibilidade de ocorrer uma divergência de opiniões ou um desentendimento. Na compreensão de muitos, essas situações de desequilíbrio são negativas e devem ser evitadas a qualquer custo. No entanto, podemos compreender os conflitos sob uma outra perspectiva: os conflitos são oportunidades de aprendizado e favorecem, inclusive, processos de autorregulação das nossas emoções.
É importante, portanto, sabermos diferenciar os conflitos interpessoais comuns do bullying. Saber diferenciá-los nos permite proporcionar cuidados e intervenções mais precisas. O conceito de bullying traz algumas características primordiais. Confira!
O que é bullying?
1) Trata-se de uma violência que acontece entre os pares: não há uma diferenciação no nível hierárquico entre os envolvidos. O desequilíbrio percebido na relação acontece por fatores diversos, como força e aparência física, popularidade, aspectos socioculturais e status no grupo a que pertencem.
2) Em segundo lugar está a repetição, ou seja, a rotina do alvo é marcada por agressões. As intimidações não são isoladas e podem ser de diferentes naturezas (verbais, físicas, morais, sexuais e psicológicas).
3) Outro ponto é que a escolha dos alvos não ocorre de forma aleatória. Normalmente escolhe-se uma pessoa que apresente dificuldade em se posicionar frente às situações de injustiça e violência.
4) O autor das agressões apresenta a necessidade de manter boa imagem perante os pares e, por isso, aqueles que não estão envolvidos diretamente (chamaremos de espectadores), desempenham um papel importante nesse cenário. Suas atitudes podem tanto combater, quanto potencializar as situações de agressão.
O que é cyberbullying?
Esses problemas de convivência física podem estar presentes, também, na esfera de convivência virtual e, por isso, temos muito o que cuidar, monitorar e refletir sobre a geração de crianças e adolescentes que já nasceram conectados, com um celular nas mãos.
O bullying, portanto, pode acontecer em ambientes virtuais. Quando assim ocorre é chamado de cyberbullying. Nesse caso, não é necessário que a intimidação seja sistemática, uma vez que um único compartilhamento é capaz de atingir milhares de pessoas em poucos minutos. Além disso, diferentemente do bullying, que acontece “apenas” durante o contato presencial, no caso do cyberbullying o alvo pode receber os ataques virtuais (mensagens de texto, fotos e publicações) mesmo no conforto e segurança de sua casa, com seus familiares.
As consequências desse fenômeno são abrangentes e afetam todos os envolvidos (alvos, agressores e espectadores). Crianças e adolescentes alvos de chantagens, agressões e humilhações podem desenvolver baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, dificuldade na socialização, isolamento, relutância em participar das atividades educacionais, sono e apetite alterados, hematomas e machucados sem explicação, ansiedade, medo, quadros depressivos e, até mesmo, apresentar maior risco de suicídio.
Aos agressores, nota-se um afastamento dos objetivos escolares e a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder. Os espectadores, por testemunharem as situações de agressão, também podem apresentar grande sensação de insegurança, medo e estresse.
Como combater o bullying e cyberbullying
Se existe uma cultura de violência e intolerância, devemos disseminar uma outra cultura, pautada na paz, solidariedade, tolerância, respeito ao outro, amor e amizade. O projeto “Caminhos para a Cidadania Global”, implementado em nosso Colégio no início do segundo semestre de 2022, tem incentivado nossos estudantes a exercitar valores morais desejáveis para uma convivência ética e que respeite a existência de todos que fazem parte da nossa comunidade educativa.
Como toda situação complexa, o bullying não é combatido de um dia para o outro e, por isso, ações preventivas, que trabalhem valores solidários e empáticos são de extrema relevância e precisam do apoio de toda comunidade educativa: estudantes, colaboradores e famílias. A luta contra o bullying é de todos nós!
Sobre a autora
Este artigo foi produzido por Paula Lopes Ambrosio, psicóloga educacional da Educação Infantil e do Fundamental (Anos Iniciais) do SANFRA.